sábado, 13 de agosto de 2011

Observe as imagens abaixo e registre o que você pode ver nelas:


          As imagens acima nos permitem ter uma dupla interpretação do que elas retratam. Tais interpretações já estão previstas nessas figuras, mas exigem um olhar mais atento daqueles que a observam e uma ou outra das possibilidades de leitura dessas imagens estão associadas à própria experiência de mundo do espectador e de quais traços e detalhes lhe chamam a atenção.

          Agora leremos um texto intitulado Uma Questão de Interpretação. Antes da leitura do texto, registre em seu caderno do que pode tratar um texto que receba este título.

Havia certa vez, em certo reino, um mosteiro habitado por monges jovens e idosos, que passavam o dia em preces, contemplações e estudos.
Um dia, um novo rei subiu ao trono e quis conhecer melhor seus domínios.
Ao passar pelo mosteiro, ficou maravilhado com os jardins e a paisagem do lugar. Imediatamente cobiçou o mosteiro para si, já pensando em transformá-lo em residência de veraneio. No entanto, não podia expulsar assim, sumariamente, os religiosos. Isso o indisporia com seus súditos e ministros. Resolveu, então, conseguir o que queria de modo mais sutil. Proclamou que desconfiava de que aqueles monges não tivessem, ali, a austeridade e a vida dura necessárias para ampliar seus conhecimentos. Assim, seria melhor saírem de lá e mendigarem pelas aldeias. Para comprovar que os monges eram ignorantes, promoveria um debate. Os monges poderiam escolher um dentre eles para debater com o sumo sacerdote da corte. Se o sacerdote ganhasse o debate, ficariam comprovadas as desconfianças do rei, e os monges seriam expulsos. Mas se, porventura, o sacerdote viesse a reconhecer sua derrota, então os monges ganhariam o direito de habitar o monastério para sempre.
Os monges tremeram ao saber da resolução do rei. O sumo sacerdote era famoso por seus conhecimentos, sendo especialista em filosofia, teologia e todas as outras ciências da época. Convocaram uma reunião e tentaram decidir quem seria o debatedor. Porém, nenhum dos monges se propunha a tão difícil tarefa. A reunião estava num momento de impasse, quando o jardineiro do convento, um homem muito simples, apresentou-se como voluntário. Houve um murmúrio de desaprovação, mas o monge superior foi prático:
– Não temos voluntário algum. Isso quer dizer que, se não há outra saída, esta é a única saída.
E no dia marcado para o debate, o jardineiro, acompanhado por alguns monges, apresentou-se no palácio, onde já o esperavam o rei, o sacerdote e todos os homens doutos e poderosos da corte.
Teve início o debate. O sacerdote prometera a si mesmo que derrotaria o adversário sem nem sequer pronunciar uma palavra. Depois de olhá-lo com desprezo, apontou o dedo para cima. O jardineiro, sem se perturbar, apontou o dedo para o chão.
O sacerdote pareceu ficar desconcertado. Mostrou-lhe então um dedo, diante de seu nariz. O jardineiro não teve dúvidas: mostrou-lhe os cinco dedos, com a mão toda aberta.
O sacerdote titubeou. Com uma expressão de raiva e desespero, tirou do bolso uma laranja. O jardineiro, muito tranqüilo, tirou do bolso um pãozinho.
O sacerdote empalideceu e pediu ao rei que encerrasse o debate. Ele reconhecia a derrota e declarava que nunca encontrara um oponente tão sábio.
O rei foi obrigado a cumprir sua palavra, e assinou o compromisso de que os monges conservariam o monastério para sempre. Assim que os vencedores deixaram o palácio, todos se reuniram com o sacerdote, querendo que ele explicasse, o que, afinal, tinha sido discutido.
– Quando apontei o dedo para cima – disse o sacerdote –, quis declarar que só a sabedoria dos céus é o que conta neste mundo. Mas ele, apontando para a terra, rebateu dizendo que, embora não possamos deixar de considerar os céus, somos homens e vivemos na terra. Então, mostrando-lhe um único dedo, argumentei que somos frágeis, pois estamos sozinhos. E ele sabiamente me fez pensar que não, que estamos cercados por outros homens, nossos irmãos. Finalmente, ao mostrar a laranja, rebati suas idéias, lembrando-o de que a natureza é mais forte do que o homem, pois sabe criar coisas que ele jamais criaria. Foi aí que ele me deu o golpe de misericórdia: ao mostrar-me o pão, lembrou-me de que o homem é capaz de conhecer e modificar a natureza, criando obras que, sozinha, ela não pode fazer.
Todos ficaram estupefatos com a sabedoria revelada pelos monges.
Enquanto isso, no monastério, os monges se reuniam ao redor do jardineiro, que explicava:
– Foi muito simples. Quando ele apontou para cima, mostrando que ia chover, eu mostrei-lhe o chão, dizendo que seria bom, pois a terra necessita de chuva. Depois ele me pareceu aborrecido e me mostrou um calo no seu dedo. Querendo ser gentil, mostrei-lhe minha mão toda, para que ele visse que isso não tem importância: eu tenho calos em todos os dedos! E quando ele tirou a laranja do bolso, pensei que fosse hora do lanche e peguei meu pão.
Adaptação de um história popular italiana
PAMPLONA, Rosane. O homem que contava histórias. São Paulo: Brinque-Book, 2005. p.28-31
 
           Tendo lido o texto, procure responder às seguintes questões:

a) Onde se passa os acontecimentos da história?
b) Podemos dizer que se trata de algo que aconteceu há muito ou há pouco tempo?
c) Releia o trecho referente ao debate e procure estabelecer no quadro abaixo o que significou cada um dos gestos para o sacerdote real e para o jardineiro.
Sacerdote

Jardineiro

Um dedo para o céu


Um dedo para a terra


Um dedo diante do nariz


Cinco dedos com a mão aberta


Uma laranja


Um pão

d) Em sua opinião, a interpretação dos gestos dada pelo sacerdote está errada, uma vez que ele perdeu o debate?

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