segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estudo do Sujeito e do Predicado

Sujeito é o ser (pessoa, objeto, monstro, entidade, palavra, letra oração, número, imagem, pensamento, abstração, sentimento, estado de espírito) sobre o qual se faz uma declaração, uma atribuição.

Para identificar o sujeito geralmente perguntamos quem ou que realizou a ação. Por exemplo, na oração “Eu comprei um carro”, pergunta-se “Quem comprou um carro?” e tem-se por resposta “Eu”. Ou ainda, “O lápis está sem ponta”, pergunta-se “O que está sem ponta?” e tem-se por resposta “O lápis”.

O núcleo é a palavra central do sujeito, em torno da qual podem aparecer palavras secundárias. Por exemplo, em “Os colegas de Mário foram ao Playcenter”, o núcleo do sujeito é “colegas”.

Sujeito Simples: possui apenas um núcleo e este vem exposto.
Exemplos:
Deus é perfeito!
A cegueira lhe torturava os últimos dias de vida.
Pastavam vacas brancas e malhadas.


Sujeito Composto: possui dois ou mais núcleos que também vêm expressos na oração.
Exemplos:
As vacas brancas e os touros pretos pastavam.
A cegueira e a pobreza lhe torturavam os últimos dias de vida.
Fome e desidratação são agravantes das doenças daquele povo.


Sujeito Oculto: é determinado pela desinência verbal e não aparece explícito na frase. Dá-se por isso o nome de sujeito implícito.
Exemplos:
Compramos muitas roupas no shopping (sujeito: nós)
Pensei em você ontem. (sujeito: eu)


Sujeito Indeterminado: Este tipo de sujeito não aparece explícito na oração por ser impossível determiná-lo, apesar disso, sabe-se que existe um agente ou experienciador da ação verbal.
O Sujeito Indeterminado ocorre nos seguintes casos:
1- verbo na 3ª pessoa do plural
Dizem que a família está falindo. (alguém diz, mas não se sabe quem)
Disseram que morreu do coração.
2- verbo na 3ª pessoa do singular + se ( índice de indeterminação do sujeito)
Precisa-se de mão de obra especializada. (não se pode determinar quem precisa)

Sujeito Inexistente: também chamado de oração sem sujeito, é designado por verbos que não correspondem a uma ação, como fenômenos da natureza, entre outros.
O Sujeito Inexistente ocorre nos seguintes casos:
1- Verbos indicando Fenômeno da Natureza
Choveu na Argentina e fez sol no Brasil.
2- verbo haver no sentido de existir ou ocorrer
Houve um grave acidente na avenida principal.
Há pessoas que não valorizam a vida.
3- verbo fazer indicando tempo ou clima
Faz meses que não a vejo.
Faz sempre frio nesta região do estado.


IMPORTANTE: Quando ocorre sujeito oculto, indeterminado ou oração sem sujeito toda a oração é considerada predicado.

NÃO CONFUNDA as seguintes questões:
Na oração “Meu filho joga futebol de salão”,
- se perguntado: Quem é o sujeito?, a resposta é “Meu filho”;
- se perguntado: Qual é o núcleo do sujeito?, a resposta é “filho”;
- se perguntado: Que tipo de sujeito?, a resposta é “Sujeito Simples”.
ESTUDO DO PREDICADO

Predicado é o termo da oração que contém o verbo. Apesar de o sujeito e o predicado serem termos essenciais da oração, há casos (com verbos impessoais) em que a oração não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em torno de um verbo e ele está contido no predicado, é impossível existir uma oração sem predicado.
Exemplo:
Nós jogamos futebol. (Sujeito = Nós / Predicado = jogamos futebol)
Ventou muito forte a noite passada. (Sujeito = não tem / Predicado = Ventou muito forte a noite passada)

Predicação do Verbo
Há verbos que expressam ação, ou seja, eles são significativos. Podemos dividi-los em intransitivos e transitivos.

Verbo Intransitivo (VI): é aquele que traz em si a ideia completa da ação, ou seja, ele não precisa de nenhum termo que complete o seu sentido; por isso, ele não transita.
Exemplo: O sol nasceu. / João morreu. / Andreia saiu.
O raciocínio que devemos construir aqui é Quem nasce, nasce. / Quem morre, morre. / Quem sai, sai.
Percebam que o verbo não necessita de outra palavra que complete seu sentido.

IMPORTANTE: o verbo intransitivo poderá aparecer sozinho ou acompanhado de alguma palavra ou expressão que indique lugar, tempo, modo, intensidade. Vale a pena lembrar que essas expressões ou palavras são serão complementos do verbo, mas simplesmente indicam as circunstâncias em que a ação ocorreu. Nós as chamaremos adjuntos adverbiais.

Verbo Transitivo: é aquele que NÃO traz em si a ideia completa da ação, necessitando, portanto, de um outro termo para completar o seu sentido, ou seja, sua ação transita.
Esses tipos de verbo serão divididos da seguinte forma:

Verbo Transitivo Direto (VTD): a ação transita diretamente para o complemento, sem o auxílio necessário de complemento – no caso o objeto direto (OD) -, não exigindo preposição.
Exemplo: Nós compramos um carro. (Predicado: compramos um carro / VTD: compramos / OD: um carro)

Verbo Transitivo Indireto (VTI): a ação transita indiretamente para o complemento – no caso o objeto indireto (OI) -, por meio de preposição.
Exemplo: Ela gosta de samba. (Predicado: gosta de samba / VTI: gosta / OI: de samba)

Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI): apresenta dois complementos (objeto direto e objeto indireto).
Exemplo: Demos um presente a Válter. (Predicado: demos um presente a Válter / VTDI: demos / OD: um presente / OI: a Válter)

Verbo de Ligação (VL): é aquele que, expressando estado, liga características ao sujeito, estabelecendo entre eles (sujeito e características) certos tipos de relações.
Exemplo: Joana estava quieta. (Predicado: estava quieta / VL: estava / Predicativo: quieta)
É importante lembrar que a essas características que se ligam ao sujeito por meio de Verbo de Ligação chamaremos predicativos.
Principais verbos de ligação: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, ficar.

Complementos Verbais
Os complementos verbais são termos integrantes da oração. Eles completam o sentido de verbos transitivos diretos e indiretos. São complementos verbais:

Objeto Direto (OD): é o termo que completa o sentido do verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem o auxílio necessário da preposição.
Exemplo: Ele tem um Playstation III. (OD: um Playstation III)

Objeto Indireto (OI): é o termo que completa o sentido do verbo transitivo indireto, ligando-se a ele por meio de preposição.
Exemplo: Eu acredito em Deus. (OI: em Deus / Preposição: em)

IMPORTANTE: as principais preposições são a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Vale lembrar que às vezes a preposição está fundida com um artigo; é o caso de ao, aos, à, às, do, dos, da, das, pelo, pelos, pela, pelas, no, nos, na, nas etc.

FIQUE LIGADO: aqueles que pretendem prestar provas para vestibulinhos e bolsas no fim do ano podem se aprofundar um pouco mais pesquisando o que são objetos diretos preposicionados, pronomes oblíquos como objetos diretos, objeto pleonásticos... Para saber mais, basta jogar os termos citados na busca do Google ou do Yahoo.

Tipos de Predicado

Segundo a informação contida no predicado, ele pode ser: verbal, nominal ou verbo-nominal.

Predicado Verbal: é aquele informa uma ação, ou seja, ele é contruído tendo por núcleo o verbo de ação.
Exemplo: Carlos corre todos os dias. Lutamos por um vida melhor. Eles fazem muitos planos. Precisaram de um novo caderno.
O predicado verbal é formado por verbo transitivo ou intransitivo.
O núcleo do predicado verbal é o verbo. Nos exemplos acima seria: corre, lutamos, fazem, precisaram.

Predicado Nominal: é aquele que informa um estado do sujeito. Nesse predicado o verbo é de ligação.
Exemplo: Eu fiquei triste. Ela estava feliz. Nós permanecemos parados.
O núcleo do predicado nominal é o predicativo. Nos exemplos acima seria triste, feliz, parados.

FIQUE LIGADO: Como não veremos o predicado verbo-nominal por motivo de tempo, já que se trata de uma revisão, recomendo que os interessados busquem tanto predicado verbo-nominal quanto predicativo do sujeito e predicativo do objeto nos sistemas de busca do Google e do Yahoo.

Baseado em: PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo: FTD, 1996.
  

Frase, oração, período

A frase é o enunciado completo, capaz de extrair comunicação, ou seja, aquilo que falamos ou escrevemos e que é entendido por outras pessoas.
Na frase é facultativo o uso do verbo.
Exemplos:
Atenção!
Que frio!
A China passa por dificuldades.
Silêncio.

Já a oração é o enunciado com sentido que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal.
Exemplos:
Rosana terminou a leitura do livro.
Eu preciso ir ao shopping.
Fomos para uma balada.
Choveu.

IMPORTANTE: NEM TODA FRASE É UMA ORAÇÃO
Exemplo: Que dia bonito!
Esse enunciado é frase porque tem sentido.
Esse enunciado não é oração porque não tem verbo.

Por fim, o período é a frase organizada com uma ou mais orações.
Exemplo:
Que saudades sentíamos dos amigos.
As janelas fecharam-se e a família saiu.

O Período pode ser dividido em Período Simples e Período Composto.
Período Simples: possui apenas uma oração.
Exemplo:
Os meninos conversavam numa roda.
Uma forte chuva vai cair daqui a pouco.
Em “vai cair” temos uma locução verbal, que é a junção de um verbo auxiliar (ser, estar, ter, haver...) com o infinitivo (ex.: cair), gerúndio (ex.: caindo) ou particípio (ex.: caído) de um verbo principal. Nesses casos, contamos como 1 verbo e, portanto, 1 oração.
Período Composto: possui duas ou mais orações.
Exemplo:
Era madrugada, não havia gente na rua, estava muito frio. (3 verbos = 3 orações = período composto).

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aula 8

                Antes de ler o texto abaixo, dê uma rápida passada de olhos por ele e tente responder às seguintes questões:
·         Que acontecimento é informado pelo texto?
·         Onde o texto foi publicado?
·         Quando ele foi publicado?
·         Quem o escreveu?
·         Que nome você daria para este tipo de texto?

CNBB denuncia morte de 499 índios entre 2003 e 2010
Bispos dizem que outros 748 estão presos e que redução no ritmo de demarcação de terras ''tende a agravar'' situação
13 de maio de 2011 | 0h 00
José Maria Mayrink - O Estado de S.Paulo
ENVIADO ESPECIAL / APARECIDA (SP)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou ontem, em nota de sua 49.ª Assembleia Geral, reunida em Aparecida, que 499 índios foram assassinados em conflitos de terra, no País, entre 2003 e 2010, e 748 estão presos atualmente "porque, diante de questões não resolvidas, são levados ao desespero e à agressividade". Pelo menos 60 lideranças indígenas, segundo os bispos, respondem a processos em consequência de sua atuação em defesa de seus territórios.
"Esse quadro tende a se agravar, diante da paralisação dos procedimentos de demarcação de novas terras e do avanço dos mais de 400 empreendimentos que atingirão terras já demarcadas", diz a "nota de compromisso solidário da CNBB com a causa indígena no Brasil", conforme é titulada.
Segundo o documento, cerca de 90 povos indígenas, de um total de mais de 250 existentes no País, permanecem em situação de isolamento voluntário. "Vivem no meio da floresta, mas têm suas vidas ameaçadas pelos grandes projetos governamentais, muitos deles parte do PAC."
A CNBB afirma que, com a divulgação dessas denúncias, pretende sensibilizar a sociedade e chamar a atenção do governo federal para que cumpra o seu dever de demarcar e proteger todas as terras tradicionalmente ocupadas, conforme estabelece o artigo 231 da Constituição.
Ameaçados. Três bispos do Pará ameaçados de morte, todos de origem estrangeira, passaram os dez dias da assembleia geral da CNBB sob proteção policial. O austríaco d. Erwin Krautler, da prelazia do Xingu, o espanhol d. José Luís Azcona Hermoso, da prelazia de Marajó, e o italiano d. Flávio Giovenale, da diocese de Abaetetuba, foram constantemente vigiados por cinco agentes de segurança, que se revezavam dia e noite.
D. Azcona disse que entrou na lista dos marcados para morrer por denunciar o tráfico de mulheres, drogas e armas em Marajó. Na diocese de Abaetetuba, disse d. Giovenale, a ameaça de morte vem dos traficantes, pois a região está na rota das drogas.
O bispo-prelado do Xingu, d. Erwin Krautler, tem sempre policiais à sua volta. A proteção foi imposta pelo governo estadual, que alega ter informações de que, sem esse cuidado, ele seria assassinado. O bispo, austríaco naturalizado brasileiro, sempre denunciou a violência contra índios por causa da disputa de terra. Foi em seu território que pistoleiros mataram a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, em fevereiro de 2005.


                Tendo lido o texto, agora vamos responder algumas questões:

·         O texto pode ser dividido em duas grandes partes. Identifique-as e diga do que elas tratam.

o   Parte 1: ______________________________________________________

o   Parte 2: ______________________________________________________

·         Qual das partes se relaciona diretamente com o título do texto?

Agora responderemos a algumas questões referentes a informações dadas pelo texto:

·         Transcreva o trecho em que é possível saber o que significa CNBB.

·         Relacione os números fornecidos pelo texto abaixo às informações que se referem a eles:

a. 400
(     ) índios assassinados
b. 499
(     ) índios presos
c. 90
(     ) povos indígenas existentes no Brasil
d. 748
(     ) empreendimentos que atingirão terras indígenas
e. 250
(     ) povos indígenas que permanecem em situação de isolamento voluntário



·         Os trechos do texto que estão entre aspas não foram escritor pelo autor do texto. De onde eles foram retirados?

·         Com que intenção a CNBB divulgou a nota sobre o assassinato dos índios?

·         Em que região do Pará a missionária Dorothy Stang foi assassinada em fevereiro de 2005?



Como pudemos perceber ao ler o texto acima, estudaremos a partir de agora o texto noticioso. Trata-se de um tipo de texto que busca nos informar de um acontecimento. Como todo gênero, o texto noticioso – na forma de notícia ou reportagem – tem suas características próprias. São tais características que estudaremos a seguir.

O TÍTULO

        Começaremos por observar o título do texto noticioso, voltemos mais uma vez à leitura anterior:

CNBB denuncia morte de 499 índios entre 2003 e 2010

                Nela podemos observar que o título de um texto jornalístico procura chamar a atenção do leitor para que este leia a notícia, uma vez que, no manuseio do jornal, só lemos aquilo pelo qual nos interessamos.

                O título pode ser complementado por um subtítulo, que complementa a informação dada inicialmente. No texto que lemos, o subtítulo, chamado também de olho, é:

Bispos dizem que outros 748 estão presos e que redução no ritmo de demarcação de terras ''tende a agravar'' situação

                Em certos textos jornalísticos, encontramos também intertítulos, que servem para antecipar alguma informação que está posta em seguida. Veja o exemplo:

Ameaçados. Três bispos do Pará ameaçados de morte, todos de origem estrangeira, passaram os dez dias da assembleia geral da CNBB sob proteção policial. O austríaco d. Erwin...

                As principais características de um título de texto jornalístico são as seguintes:

·         poucas palavras;

·         frase na ordem direta, para aumentar o impacto, geralmente seguindo a ordem sujeito + verbo + complemento;

CNBB / denuncia / morte de 499 índios entre 2003 e 2010

·         ausência de palavras que juntam umas às outras, tais como artigos e conjunções;

A CNBB denuncia a morte de 499 índios entre 2003 e 2010

·         uso de verbos no tempo presente, para dar a impressão de que o fato acaba de acontecer.

CNBB denuncia morte de 499 índios entre 2003 e 2010

(em vez de denunciou)

Observação: é importante recordar que os títulos de primeira página procuram ser mais curtos e provocativos enquanto os títulos internos geralmente são mais explicativos.
 

Observe agora os título a seguir e procure responder às questões:

Bebum rasga a esposa com 33 facadas

Alcoolismo destrói família

Alcoólatra mata esposa porque filho foi à festa

Marido alcoolizado fere esposa com 33 facadas

·         Qual é o título que procura se restringir ao fato?

·         Que título vincula um fato particular a algo que pode acontecer em todas as famílias que tenham alcoólatras?

·         Que título diz a razão pela qual a mulher foi assassinada?

·         Qual é o título mais popular e apelativo?

 Observação: quanto à linguagem utilizada nas notícias é importante lembrar que esta será adequada ao público leitor do jornal. Um jornal mais barato e destinado às classes menos favorecidas economicamente e com menos tempo de estudo terá uma linguagem mais popular do que um jornal destinado às classes dominantes e instruídas.

 O TEXTO JORNALÍSTICO

                Antes de entrarmos em detalhes do texto jornalístico, observaremos algumas de suas características principais.

                Observe os título abaixo:

Cientistas confirmam: água é molhada

Sol não deve aparecer nesta noite

Assaltantes são os principais responsáveis por assaltos na capital

Investigadores afirmam que coelhinho da Páscoa não existe

Jogadores de futebol são proibidos de jogar com as mãos

                Ao ler os título, você logo percebeu que se tratam de textos absurdos. Apesar de terem a estrutura de título jornalístico ao qual nos referimos, falta-lhes o essencial para que sejam notícias: a novidade do fato. Os títulos acima foram retirados de uma campanha publicitária do Jornal do Carro que saiu no OESP (O Estado de São Paulo) em 18 de abril de 2009. Ao final, a campanha dizia: “Se você não achou nenhuma novidade nas notícias acima, também não vai achar aqui”. E a seguir anuncia seus carros, com preços mais acessíveis do que de outros anunciantes.

                Podemos concluir da exposição acima que para que haja notícia é necessário ter um fato novo, ou seja, algo que ainda não tenha sido divulgado e que tenha ocorrido há pouco tempo. Afinal, não costumamos guardar o jornal: hoje nós o lemos, amanhã o usamos para embrulhar banana ou recolher as fezes de nossos bichinhos.



                Outra característica do texto jornalístico ao qual devemos ficar atentos é sua linguagem e a forma de contar o que aconteceu.

                Para tanto, vamos ler o texto abaixo e assistir ao vídeo:

Notícia de Jornal
Composição: Luís Reis e Haroldo Barbosa

Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João

Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão

O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou

Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal



                Na música acima, os autores afirmam que “a dor da gente não sai no jornal”. Ao fazer tal afirmação, eles chamam a nossa atenção para o fato de que a linguagem jornalística é objetiva, direta, evitando registrar emoções associadas aos fatos. Quando um jornal o faz, costumamos dizer que ele é um jornal sensacionalista, que usa um tom apelativo com o objetivo de atrair o público.

                Os dois primeiros parágrafos do texto restringem à notícia veiculada em um jornal: não importa muito que são essas pessoas, mas sim o fato de a tal “Joana” tentou se suicidar. Ao ouvirmos os dois últimos parágrafos, notamos que os autores ressaltam que ninguém está se importando com os sentimentos de Joana, nem o que lhe aconteceu antes ou depois do fato noticiado, isso porque o texto jornalístico não procura compreender a dor das pessoas, mas registrar o que lhes aconteceu.

                Obviamente, é importante ressaltar que, por meio dessa linguagem objetiva e direta, com frases curtas, a atividade jornalística é investigativa e procurará registrar causas e consequências do fato, bem como registrar opiniões e depoimentos. Contudo o faz com a intenção de informar o leitor e não de refletir sobre a dor causada pelo amor, como faria um texto literário.

UMA INFORMAÇÃO ANTES: NOTÍCIA x REPORTAGEM

            Pode ser que tenha surgido o seguinte questionamento: quando devo chamar a um texto notícia e quando deve chamá-lo reportagem?

                A notícia pretende informar pontualmente sobre um fato, sem mais delongas. Já a reportagem tende a procurar causas e consequências desse fato. Sendo assim, a notícia é mais curta que a reportagem. Enquanto esta geralmente é encontrada em revistas semanais ou mensais, aquela tem seu principal espaço no jornal, que costuma ser diário.

O LIDE

                Outro elemento importante da notícia é o lide. Vamos ver o que é isso:

Também chamado de “cabeça”, o lide é a abertura do texto da notícia ou da reportagem. Aportuguesada, a palavra é proveniente do inglês lead, que significa “guiar”, “encabeçar”, “conduzir”, “induzir”. Concentrado nos primeiros parágrafos do texto, o lide apresenta “sucintamente o assunto ou destaca o fato essencial, o clímax da história” (Rabaça & Barbosa, 1978, 360-1). Embora criticada por tolher a criatividade dos jornalistas (que seriam obrigados a começar seus textos sempre da mesma maneira), a estrutura do lide está presente na maioria dos jornais impressos, sobretudo naqueles de maior circulação. Sua forma de apresentação pode variar, mas é a regra na imprensa apresentar os principais aspectos de um fato logo no início do texto.

                Tradicionalmente o lide é composto pelas seguintes informações:

·         quem;

·         o que;

·         quando;

·         onde;

·         como;

·         por que.

Vejamos um exemplo:

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lança hoje, na sede da entidade, em Brasília, a Campanha Nacional da Fraternidade deste ano. O presidente da CNBB, d. Jayme Chemello, não estará presente à cerimônia, que está prevista para começar às 14h30. (FSP, 28.1.2001, A-6)

                QUEM: A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB

                O QUE: lança a Campanha Nacional da Fraternidade deste ano

                QUANDO: hoje

                ONDE: na sede da entidade em Brasília

                COMO: -----

                POR QUÊ: -----

Observação: em certas notícias, como a que lemos acima, não aparece informações sobre “como” ou “por quê”.

Proposta: visite o site de notícias do Estado de São Paulo e procure os lides em alguns textos jornalísticos registrando a informações como foi feito no exemplo acima.

 O JORNAL FORMA, MAS TAMBÉM INFORMA



                Convém que fiquemos atentos para o que está nas “entrelinhas” das notícias e reportagens. Não podemos nos esquecer que, por trás da notícia, há um veículo de imprensa que, como todas as empresas, visa ao lucro e pode estar comprometido com setores da sociedade (partidos políticos, empresários...)

                Observe os dois títulos abaixo:

Sem-terra invadem fazendas no interior de SP

Sem-terra ocupam terras no interior de SP

                Nos título acima, devido à escolha de palavras, podemos notar uma nuance no pretenso desejo dos jornais de serem “neutros”, procurando apenas informar. O primeiro título transmite uma imagem muito menos favorável dos sem-terra do que o segundo. A escolha do verbo invadir traz em si um sentido agressivo. Invade-se o que tem dono. Mesmo a seleção da palavra fazendas, em vez de terras, como consta no segundo título, conduz o leitor a ter uma visão negativa em relação ao MST.



As informações teóricas desta aula foram baseadas no livro:FARIA, Maria Alice; ZANCHETTA JR., Juvenal. Para ler e fazer o jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2002.