domingo, 1 de maio de 2011

AULA 7

AULA 7
          O texto abaixo é de Luís Fernando Veríssimo, importante escritor brasileiro contemporâneo nascido em Porto Alegre. Veríssimo é conhecido por seus contos e crônicas. O texto abaixo foi publicado no livro Banquete com os deuses: cinema, literatura e outras artes.
            Antes de ler o texto:
            - De que você tem medo?
            - O que você faz quando está exposto àquilo do qual você tem medo?
            - Você sabe o que é uma fobia?

            Vamos ler o texto?

FOBIAS

Não sei como se chamaria o medo de não ter o que ler. Existem as conhecidas claustrofobia (medo de lugares fechados), agorafobia (medo de espaços abertos), acrofobia (medo de altura) e as menos conhecidas ailurofobia (medo de gatos), iatrofobia (medo de médicos) e até a treiskaidekafobia (medo do número 13), mas o pânico de estar, por exemplo, num quarto de hotel, com insônia, sem nada para ler não sei que nome tem. É uma das minhas neuroses. O vício que lhe dá origem é a gutembergomania, uma dependência patológica na palavra impressa. Na falta dela, qualquer palavra serve. Já saí de cama de hotel no meio da noite e entrei no banheiro para ver se as torneiras tinham “Frio” e “Quente” escritos por extenso, para saciar minha sede de letras. Já ajeitei o travesseiro, ajustei a luz e abri uma lista telefônica, tentando me convencer que, pelo menos no número de personagens, seria um razoável substituto para um romance russo. Já revirei cobertores e lençóis, à procura de uma etiqueta, qualquer coisa.
Alguns hotéis brasileiros imitam os americanos e deixam uma Bíblia no quarto, e ela tem sido a minha salvação, embora não no modo pretendido. Nada como um best-seller numa hora dessas. A Bíblia tem tudo para acompanhar uma insônia: enredo fantástico, grandes personagens, romance, sexo em todas as suas formas, ação, paixão, violência, – e uma mensagem positiva. Recomendo “Gênesis” pelo ímpeto narrativo, “O cântico dos cânticos” pela poesia e “Isaías” e “João” pela força dramática, mesmo que seja difícil dormir depois do Apocalipse.
Mas e quando não tem nem a Bíblia? Uma vez liguei para a telefonista de madrugada e pedi uma Amiga.
– Desculpe, cavalheiro, mas o hotel não fornece companhia feminina...
– Você não entendeu! Eu quero uma revista Amiga, Capricho, Vida Rotariana, qualquer coisa.
– Infelizmente, não tenho nenhuma revista.
– Não é possível! O que você faz durante a noite?
– Tricô.
Uma esperança!
– Com manual?
– Não.
Danação.
– Você não tem nada para ler? Na bolsa, sei lá.
– Bem... Tem uma carta da mamãe.
– Manda!
Nota: Caso deseje saber mais sobre Luís Fernando Veríssimo, sua vida e obra, clique aqui e visite o site Releituras.
            Agora, responda às seguintes questões sobre o texto:
1.     O autor do texto tem medo de quê?
2.     Dê dois exemplos de atitudes tomadas por ele para satisfazer seu desejo de ler?
3.     Por que a Bíblia tem sido “a salvação, embora não no modo pretendido”?
4.     Observe as palavras abaixo e seus respectivos significados:
claustrofobia – medo de lugares fechados;
agorafobia – medo de espaços abertos;
acrofobia – medo de altura;
ailurofobia – medo de gatos;
iatrofobia – medo de médicos;
treiskaidekafobia – medo do número 13.
           
a)     Que outras fobias você conhece?
b)     Que partícula das palavras acima corresponde a “medo”?
5.     Em “gutembergomania”, a partícula mania significa “obsessão ou dependência de algo”. Descubra o que significa as palavras abaixo:
a)     claustromania =
b)     acromania =
c)     ailuromania =

AULA 6

            Em nossa última aula vimos como as palavras viajam no tempo e são constantemente ressignificadas (ganham novos sentidos). Agora, daremos nomes a estas unidades de sentido que formam as palavras e descobriremos suas origens, bem como as funções que desempenham de acordo com a posição delas.

ESTRUTURA DAS PALAVRAS

Observação: A presente exposição consta no livro Gramática: teoria e exercícios, de Paschoalin & Spadoto, da Editora FTD, pp. 147 - 148.

A palavra é formada por partes menores, chamadas elementos mórficos (mórfico: morfo --> forma).
            Exemplos:
infeliz - in + feliz
chaleira - cha + l + eira
falávamos – fal + á + va + mos

Radical

            É o elemento que contém o significado básico da palavra; a ele são acrescidos os outros elementos:


Radical
gat
+
o
=
gato
gat
+
a
=
gata
gat
+
inho
=
gatinho
gat
+
inha
=
gatinha
gat
+
ão
=
gatão

            No caso acima, nosso radical é gat-, uma vez que contém o significado básico da palavra.
Afixo
            É o elemento que se junta ao radical para a formação de novas palavras. Pode ser, portanto:
·       prefixo: elemento colocado antes do radical.
in + feliz = infeliz
·       sufixo: elemento colocado depois do radical.
feliz + mente = felizmente
            Os prefixos, sufixos e radicais costumam vir de outras línguas que influenciaram a formação da língua portuguesa, especialmente do latim e do grego.
Observação: paralelamente à unidade de estrutura e formação das palavras, também veremos como surge a língua portuguesa.
            Clicando nos links abaixo, você poderá ver as tabelas com prefixos, sufixos e radicais de origem grega e latina que compõem maior parte das palavras em português.
·       Sufixos.